Estudos Paul Zumthor

ZUMTHOR
A oralidade é responsável pela produção de atitudes, modos de convivência, padrões de vida cotidiana, devendo ser respeitada como forma de produção poética, literária sem os termos reducionistas empregados as criações que utilizam como principal ferramenta, a voz. “A voz jaz no silêncio do corpo como o corpo em sua matriz. Mas ao contrário do corpo, ela retorna a todo instante, abolindo-se como palavra e como som”. (ZUMTHOR, 1997. Pág. 12)
Pelo som da voz dos narradores de Paquetá viaja-se, num transportar ao lugar do acontecido, levado pelo som de uma voz que se faz presente e passada. A um transito da linguagem por meio da voz. “Na voz a palavra se enuncia como lembrança, memória-em-ato de um contato inicial, na aurora de toda vida e cuja marca permanece em nós um tanto apagada, como a figura de uma promessa”.(ZUMTHOR, 1997. Pág. 13). É a memória, ela mesma, do nosso pertencimento ao mundo. E é graças ao devaneio poético, ao imaginário, que queríamos nós, não somente uma memória de história, mas uma real memória do cosmos. A voz constrói uma sinfonia perfeita, ao se ouvir cada som separadamente ela será destruída, ela também caracteriza uma marca, uma identidade ao mudar de nota, ou melhor de voz/contador, muda-se o som como um instrumento, logo o som a ser produzido é diferente. A voz cria um mundo que existe por ela, reside nela e é ela própria. “O ouvinte escuta, no silêncio de si mesmo, essa voz que vem de outra parte, ele a deixaressoar em ondas, recolhe suas modificações, toda “argumentação” suspensa”. (ZUMTHOR, 1997. Pág.17) A voz, pode-se dizer, é um fenômeno global ligado a história do homem, não é apenas a articulação de uma língua oral é a presença de um corpo vivo em um determinado contexto (performance) a voz poética se diferencia por não informar simplesmente, mas ela ultrapassa os limites do corpo, não é apenas um veículo que transporta uma mensagem, ela se faz ouvir, enquanto presença que se impõe, por meio do tom, dos intervalos de