1 INTRODUÇÃO A violência e os acidentes vêm sendo reconhecidas como duas das mais importantes causas de morbimortalidade na contemporaneidade, tornando-se problemas de saúde pública, sendo responsáveis pela quase totalidade das mortes de brasileiros com idade entre 15 e 24 anos, com uma predominância do sexo masculino. (BRASIL, 2009). Esses agravos fazem parte de uma categoria denominada pela Classificação Internacional de Doenças (CID) como causas externas. Lesões, traumas e mortes causados por violência e acidentes são responsáveis por repercussões na saúde individual e coletiva, gerando custos emocionais e sociais elevados (MINAYO, 2007). O trauma é um termo clínico que consiste em um evento causado, seja pela liberação de formas específicas de energia ou pela imposição de barreira física ao fluxo normal de energia, causando alterações orgânicas no indivíduo (PREHOSPITAL TRAUMA LIFE SUPPORT – PHTLS, 2007). Diz-se politraumatismo quando mais de uma região do corpo é lesada simultaneamente, quer de forma intencional (violência) ou acidental (KNOBEL, 2006). É a terceira causa de morte no Brasil, se tornando a primeira na faixa etária de 5 a 44 anos, quase cem milhões de brasileiros morrem anualmente em função do trauma (KNOBEL, 2006). O elevado índice de mortalidade em indivíduos politraumatizados vincula-se à intensidade das lesões, ao número de sistemas e órgãos envolvidos. Logo após a ocorrência do evento traumático, o organismo apresenta-se hipermetabólico, hipercoagulável e gravemente estressado (SMELTZER; BARE; HINKLE; CHEEVER, 2009) Além da mortalidade, outro fator importante reside no elevado número de vítimas que sobrevivem a esses eventos, estima-se que para cada óbito em acidentes de trânsito no Brasil são registrados cerca de treze feridos, que demandam, seja na média ou alta complexidade, assistência médico-hospitalar. (BRASIL, 2009) A mortalidade no trauma é classificada como imediata, quando ocorre nos