Estudante
“Na cristandade medieval, era fácil apelar para a crença no além, Deus e os personagens sobrenaturais estavam muito presentes na vida cotidiana”. (Jacques Le Goff)
Em nossa “introdução”, mostramos um vislumbre da riqueza do imaginário medieval, estabelecendo alguns fatores que contribuíram para a sua formação, etc. Agora, vamos explorar um pouco mais esse imaginário, tentar adentrar um pouco mais na mentalidade que o homem medievo possuiu e que perdurou, ao contrário do que se credita, até os séculos vindouros, considerados como os “séculos modernos”.
Como dissemos, a presença de criaturas sobrenaturais era encarada como uma realidade do cotidiano e não uma ficção ou a loucura de alguém. Nesta matéria, vamos falar sobre duas em particular, os anjos e os demônios.
A forte influência da Igreja Católica sobre o ocidente medieval acabou por criar um imaginário próprio do cristianismo, onde se acreditava que o céu era habitado não só por Deus, pela Virgem Maria e pelos Santos, mas também por outras criaturas celestiais, como os anjos.
O que são? Na crença medieva, assim como na atual, anjos são os mensageiros de Deus. Anteriores a criação do homem, consta na Bíblia que Deus ao criar o céu e a terra, o homem e a mulher, estava rodeado por uma leva de servidores, os anjos. São criaturas de luz e extrema pureza, o que pode ser notado em suas representações, geralmente envoltos em luminescência dourada, em trajes brancos ou mesmo na forma de crianças – tudo associado a pureza e a inocência.
A crença nos anjos ia mais além do que o simples fato de crer em sua existência. Sendo estes os mensageiros de Deus, estavam diretamente em contato com a humanidade, para livra-los do pecado, dos demônios e outras criaturas de Satã, o Diabo e inimigo da humanidade e de Deus. Cabia aos anjos, sempre a mando de Deus, intervir em determinadas situações do cotidiano medieval, quer fosse em uma batalha onde a vitória seria dada