Estudante
E estremeci também ao aviso do gesso que seca: o vício de viver que rebentaria meu molde interno. Áspero instante de escolha entre dois caminhos que, pensava eu, se dizem adeus, e certa de que qualquer escolha seria a do sacrifício: eu ou minha alma. Escolhi. E hoje ostento secretamente no coração uma placa de virtude: "Esta casa foi dedetizada". A quinta história chama-se "Leibnitz e a Transcendência do Amor na Polinésia". Começa assim: queixei-me de baratas.
_________________________________________________________________
Clarice Lispector
LITERATURA BRASILEIRA
Apresentação de Literatura. Referente a 2º Avaliação
Obra de Clarice Lispector “A Legião Estrangeira”
Conto “A Quinta Historia”
Turma 3.301 - Convênio
Alunos: Dyenni Lopes; Gabriel Alves e Thiago Castro.
PEDRO AMAZONAS PEDROSO - CONVÊNIO
LITERATURA BRASILEIRA
Esta história poderia chamar-se "As Estátuas". Outro nome possível é "O Assassinato". E também "Como Matar Baratas". Farei então pelo menos três histórias, verdadeiras, porque nenhuma delas mente a outra. Embora uma única, seriam mil e uma, se mil e uma noites me dessem. A primeira, "Como Matar Baratas", começa assim: queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-me a receita de como matá-las. Que misturasse em partes iguais açúcar, farinha e gesso. A farinha e o açúcar as atrairiam, o gesso esturricaria o de dentro delas. Assim fiz. Morreram.
A outra história é a primeira mesmo e chama-se "O Assassinato".
Começa assim: queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me. Seguese a receita. E então entra o assassinato. A verdade é que só em abstrato me havia queixado de baratas, que nem minhas eram: pertenciam ao andar térreo e escalavam os canos do edifício até o nosso lar.
Só na hora de preparar a mistura é que elas se tornaram minhas também. Em nosso nome, então, comecei a medir e pesar ingredientes numa concentração um pouco mais intensa. Um vago rancor me tomara, um senso