Estudante
Teoria: A gravidez e o vazio
Maria Rita Kehl
Poucas pensam em abortar, poucas encaram a perspectiva da maternidade como um grande inconveniente na vida.
Mães-meninas, espécie de aceitação previa da idéia da maternidade, espera-se desse acidente um novo sentido para a vida da menina.
A liberdade sexual dos adolescentes de hoje é incontestável, o mais-gozar que os pais e as mães de hoje ficaram devendo a si mesmos passou como encargo a seus filhos e filhas.
Assim a rebeldia dos adolescentes, hoje, parece que antes um apelo a que pais manifestem alguma forma de autoridade e façam restrição ao gozo. Não se trata da insatisfação de quem se sente aquém da liberdade e dos prazeres que gostaria de desfrutar, mas sim da angustia de quem de vê diante da demanda de gozar ilimitadamente, em nome dos sonhos de seus pais.
Fazer tudo que desejasse, antes mesmo de desejá-lo.
O gozo, afinal, é aquilo que pede pra ir sempre além dos limites do prazer- no que consiste seu vinculo com a pulsão de morte o gozo ameaça a vida do corpo e a vida psíquica.
A adolescência na nossa cultura é a idade na qual representam as formas imaginarias do mais gozar, toda publicidade apela para o “sem-limites” do adolescente, representado pela velocidade da moto, potência do aparelho de som, pela resistência do carro, pelo barato da cerveja e do cigarro, pelo corpo aeróbico e perfeito malhado nas academias, transformando em ícones sexuais.
Diante de tanta idealização e na falta de um sistema de referencias alternativos aos valores de consumo. sistema que deveria estar sendo permanentemente elaborado por jovens e adultos, mas não está. Os pais sentem-se desautorizados a barrar certos excessos de seus filhos.
Se o consumo é bem maior, em nome que outro valor se pede aos jovens que renunciem a plena satisfação pulsional.
Observe um caso parecido com o da nossa adolescente:
Iara passou a adolescência