Estranhamento
O local permanecia como sempre, com as coisas um pouco bagunçadas, mas dentro de uma organização e toque pessoal. Contudo, algo parecia estranho. Eu havia deixado a janela aberta ao sair e agora ela estava fechada, poderia ser minha imaginação ou um problema de memória, mas simplesmente não conseguia identificar ao certo. Resolvi então dar uma volta, por ali mesmo. Outras evidências davam conta de uma mudança no ambiente, como as portas dos armários fechadas, a toalha de rosto fora do lugar e a garrafa d’água fora da geladeira. Dei meia volta e me deparei com uma visão um pouco mais turva, mas não era a minha habitual miopia, o ar me escapou rápido o suficiente para eu não perceber se era um soluço, uma vontade de espirrar ou simplesmente uma falta de ar corriqueira. Olhei para as minhas mãos e elas pareciam trêmulas, mas eu não era capaz de identificar a realidade deste fato ou se era apenas uma impressão, assim como o odor em volta de mim parecia um pouco mais forte, me lembrando um pouco o de uma flor que, na hora não consegui recordar. Contudo, eu poderia estar confundindo esta sensação devido ao fato de meu coração parecer começar a acelerar cada vez mais. Eu não sabia se estava perdendo a noção da realidade ou se a realidade estava me perdendo, se eu estava realmente sentido todas estas sensações ou devaneando sobre elas.
Alguns poderiam chamar isso de ataque de pânico, mas não. Infelizmente familiarizada com este distúrbio, a sensação iminente de morte atribuída a ele não estava presente, era alguma outra coisa. Tampouco uma crise de histeria ou depressão, enfim era algo inédito nesses 28 anos de vida e alguns de tratamento psiquiátrico. Comecei primeiro tentando entender a situação, alguém esteve anteriormente naquele local fazendo pequenas