Estranhamento
Karl Marx** |XXII| Partimos dos pressupostos da economia nacional. Acei tamos sua linguagem e suas leis. Supusemos a propriedade privada, * O presente texto é um fragmento (parte final do primeiro dos manus critos) dos chamados Manuscritos econômico-filosóficos (Ökono misch-philosophische Manuskripte), escritos por Marx entre março e setembro de 1844, em Paris. O "trabalho estranhado" é uma bem ela borada reflexão sobre o lugar do trabalho na composição da sociali dade humana, e de como tal composição se reequaciona a partir da transformação do trabalho em elemento subordinado à troca e à pro priedade privada. Nesta tradução optamos por chamar de alienação (ou exteriorização) a palavra alemã Entäusserung, e de estranhamento a palavra Entfremdung. Somente a segunda tem o sentido forte e ne gativo atribuído em geral ao termo alienação, ao passo que exteriori zação significa atividade, objetivação, e é ineliminável do contexto histórico do fazer-se homem do homem, o que Marx deixa claro ao indicar o estranhamento como forma específica de exteriorização hu mana, especialmente sob o domínio do trabalho assalariado sob o ca pitalismo. A tradução completa desses Manuscritos para o português, ainda inédita no Brasil, está sob nossa responsabilidade, e será publi cada pela Boitempo Editorial. Texto extraído do original alemão: MARX, Karl. "Entfremdete Arbeit und Privateigentum", Ökono misch-philosophische Manuskripte, MEGA, I, 2, Berlim: Dietz Ver lag, 1982, p. 363-375. ** Tradução de Jesus Ranieri. Professor de Sociologia da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp, campus de Bauru. Autor de A câmara escura. Alienação e estranhamento em Marx. São Paulo: Boitempo, 2001.
Idéias, Campinas,9(2)/10(l):455-472, 2002-2003
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O
trabalho
estranhado
(extrato)
a separação de trabalho, capital e terra, igualmente do salário, lucro de capital e renda da terra, da m e s m a forma que a divisão do tra