Estranhamento

Teoria da Comunicação I

Que estranha é a liberdade, esta coisa delicada sobre a qual Sartre¹ e
Kundera² se debruçaram sensíveis, escancarando os limites e “deslimites” da nossa própria no outro, daí o peso, a ânsia em fazer por si a liberdade aquilo que precede toda e qualquer ação... está nos olhos, na mente, na alma e percorre a vida sendo ela mesma, vez em quando conversa com a solidão e diz senão aquilo que se (des) espera: “ah, solidão, tu também és uma escolha!”, seria mesmo isso? É preciso ser livre para ser só e vice-versa? Talvez devaneio, rodopiar em passo falso e o que é um homem sem se perguntar e tentar atravessar além-mar dos seus próprios limites? Eu desconheço o homem entorpecido e Descartes possivelmente também o duvidaria existir, mas a questão não é o homem, é o que ele carrega! E se este mesmo homem de pele sensível à relva e ao sentir carrega a liberdade, que seja ela doce e estranhamente se construa e desconstrua no viver, mas se outro homem, amargo, se recusa a seguir as “recomendações” do velho “Buk”³ e se torna livre demais, amoral demais, que a mesma liberdade que o prende ao modo medíocre de enxergar ao redor aos poucos se corroa e não o coloque em cadafalso, pois poucas certezas se tem sobre esta, mas uma delas é que ao se portar como prisão, já não é liberdade.

Nota ¹: Referência à trilogia, Les chemins de la liberté (Os caminhos da liberdade), livro 1: L’âge de raison (A idade da razão)
Nota ²: Referência à obra Nesnesitelná lehkost bytí (A insustentável leveza do ser) Nota ³: Referência a Charles Bukwovski em seu livro “Mulheres”