Estetica

De cada dez perfumes vendidos no Brasil, sete são comprados por meio do sistema porta a porta. A taxa é altíssima, a maior verificada em mercados emergentes no mundo. Natura e Avon nadam de braçada nesse segmento, com vendas anuais de R$ 8 bilhões. As duas dominam a arte de convencer a mulher de que um vidrinho a mais no banheiro não fará mal nenhum. Mas a disputa vai ficar um pouco mais embolada. Terceira maior empresa no segmento de venda direta, atrás exatamente das duas concorrentes, a Herbalife começou a vender neste mês uma nova linha em seus catálogos, a Lively Fragrance, com quatro tipos de perfumes. Quem irá fabricar os produtos será a espanhola Puig Beauty & Fashion Group, fabricante das linhas Carolina Herrera, Nina Ricci e Antonio Banderas, e mais de R$ 3 bilhões em receita ao ano. Era necessário achar um modelo de operação que expandisse a atuação de ambas por aqui, mas que sobrevivesse à pressão dos custos em tempos de dólar caro. Ainda era preciso que os acionistas nos EUA e na Espanha aprovassem a ideia. "Foram dois anos de conversas e houve uma infinidade de idas e vindas até fecharmos o projeto", conta Marcelo Toledo, diretor da Puig no Brasil.

Empresas pretendem avançar sobre mercado de fragâncias com vendas anuais de R$ 8 bilhões

O plano de negócios desenhado é um misto de modelos. Os dois perfumes masculinos serão importados diretamente da Espanha. Já a linha feminina terá o líquido embarcado a partir de lá, mas o envasamento acontecerá numa fábrica terceirizada da Puig, em São Roque (SP). Foram R$ 4 milhões gastos pela estrangeira em pesquisa e desenvolvimento. E a Herbalife vai arcar com os custos em treinamento, material de divulgação e amostras de produtos, com preço sugerido a partir de R$ 99. É mais caro que o Absynthe, de Christian Lacroix, lançado pela Avon há dois anos por R$ 80 e o único perfume internacional de venda direta. A Natura trabalha com valor máximo de R$ 74,50, mas tem opções a menos de R$ 50. "Sabemos que não será