Estatísticas e suas aplicações
O epicurismo é uma doutrina inteiramente dependente de seu criador, o filósofos Epicuro de Samos, nos século IV e III a.C., e sua influência cultural se estende para além daquele, especialmente na corrente utilitarista. Epicuro parte do lugar-comum aristotélico de que o maior bem é o que vale por si próprio e não por causa de outra coisa. E, claro, concorda que a felicidade é o maior bem do homem, sua finalidade.
Mas ao contrário de Aristóteles, Epicuro identifica felicidade e prazer (hedoné) e dá duas razões para isso: a primeira razão é que o prazer é a única coisa a que as pessoas dão um valor intrínseco. Tudo o que fazemos, em último caso, é para obter prazer. Isto se comprova ao observarmos o comportamento das crianças que, instintivamente, buscam o prazer e fogem da dor. E pode ser comprovado também observando o comportamento dos adultos, com a diferença que aí a identificação é mais difícil, já que as crenças dos adultos sobre o que pode lhes trazer prazer são mais complicadas. De qualquer modo, todas as nossas ações, inclusive as que exigem algum tipo de sacrifício, ou as que são feitas em nome da virtude ou da nobreza, estão dirigidas à obtenção do prazer. A segunda razão reside na experiência feita pela introspecção. Percebe mos imediatamente que o prazer é bom e a dor é ruim, como percebemos que o fogo queima. O que significa dizer que o hedonismo ético do epicurismo está baseado na crença de que há naturalmente um hedonismo psicológico nos seres humanos.
Na medida em que o prazer está ligado à satisfação dos desejos, é preciso distinguir entre dois tipos de satisfação, gerando dois tipos diferentes de prazer. Os prazeres “dinâmicos” ocorrem quando se está no processo de satisfação de um desejo, por exemplo, tomando um sorvete quando se está com sede. Tais momentos de satisfação envolvem uma estimulação ativa dos sentidos e é exatamente isso que as pessoas chamam de “prazer”, propriamente.