Integrismo católico
A expressão «Integrismo ou Integralismo» denota um entendimento da missão da Igreja, segundo o qual, esta – como guardiã da revelação sobrenatural e investida de uma autoridade específica na interpretação da revelação natural e respectiva lei – pode e deve fazer uma proposta «integral» às sociedades do modo como melhor se deve organizar a vida pública. É estranha a esta visão do mundo, qualquer noção de autonomia, em relação à Igreja, da realidade social, cultural e política, bem como da competência própria das ciências sociais e humanas.
No universo católico, são conhecidos alguns movimentos com uma atitude integrista (também se podem chamar movimentos de restauração, cada qual no sentido da sua linha de pensamento, ter a verdade como sua e só sua). Pode dizer-se que a prática integrista ocorreu em duas fases: ad extra e ad intra. A fase ad extra foi o momento do final do século XIX e a primeira metade do século XX, sobretudo no início do século, quando a Igreja Católica se posiciona contrária à modernidade cultural e ao liberalismo. A fase ad intra, segunda metade do século XX, precisamente após o Concílio Vaticano II (1962-1965), quando a Igreja Católica absorve certos valores modernos e terá uma reacção de vários dos seus representantes oficiais provocando inclusive um cisma no seu interior (é o caso de Mons Lefèbvre).
Em 1864, o Papa Pio IX publica um documento, Syllabus, contendo um conjunto de sentenças contra os principais erros do mundo. Era um documento que dava aos católicos “um guia e uma norma seguros para se precaverem das doutrinas erróneas e perniciosas que o liberalismo moderno pretendia infiltrar na sociedade como princípios novos, reclamados pelo progresso da ciência e da civilização”. Em 1907 o Papa Pio X publica a encíclica Pascendi dominici gregis, apresentando uma solene condenação do modernismo e apontando, ser ele a causa de todas as heresias. Nela, o Papa faz apelo, à “Infalibilidade do Romano Pontífice”, definido