Estalar os dedos faz mal?
Dois trabalhos publicados buscaram responder esta pergunta. São publicações antigas (The consequences of habitual knuckle cracking. West J Med 1975; e Effect of habitual knuckle cracking on hand function. Ann Rheum Dis 1990), mas que por sorte estão disponíveis on line.
No trabalho publicado em 1975, idosos com o hábito de estalar os dedos foram comparados com aqueles que não tinham este costume. Os autores realizaram exames clínicos e radiográficos em busca de sinais degenerativos articulares como artrose, osteófitos e alargamento ósseo nas articulações metacarpofalangeanas. Esperava-se encontrar uma incidência maior de processos degenerativos nos “estaladores” do que nos “não estaladores”. Mas isso não ocorreu, e a conclusão foi a de que a consequência principal do hábito de estalar os dedos parece ser o efeito irritante causado naqueles que são obrigados a ouvir os cleckes.
No segundo trabalho, publicado em 1990, foram investigados 300 pacientes e também não foram encontrados indícios de que o hábito de estalar os dedos esteja relacionado a alterações degenerativas. No entanto foi observado uma maior incidência de edema nas mãos e redução da força de preensão manual entre os “estaladores”. Acho importante ressaltar que estes resultados devem ser vistos com cuidado, pois pode haver aqui um viés de confundimento. Pois metodologicamente falando, as duas populações (“estaladores” e “não estaladores”) eram bem diferentes, sendo o grupo dos “estaladores” composto por trabalhadores manuais e também tendiam a fumar, beber e roer as unhas mais frequentemente do que os “não estaladores”. Sendo assim, quem me garante que este edema e a redução da força não sejam causados pela interação destes fatores e não pelo estalar de dedos?
É importante ressaltar que estes trabalhos não oferecem respostas definitivas. A única certeza que posso ter é que estalar os dedos é bom demais e me dá um alívio danado!
Ah!