As gerações do Romantismo no Brasil
Tradicionalmente são apontadas três gerações de escritores românticos. Essa divisão, contudo, engloba principalmente os autores de poesia. Os romancistas não se enquadram muito bem nessa divisão, uma vez que suas obras podem apresentar traços característicos de mais de uma geração. Assim, as três gerações de poetas românticos brasileiros são:
Primeira geração
Com a independência política ocorrida em 1822, os intelectuais e artistas da época passaram a dedicar-se a criar uma cultura brasileira identificada com suas próprias raízes históricas, linguísticas e culturais, de modo a diferenciá-la dos modelos portugueses – postura comprometida com o projeto de construção de uma identidade nacional. Movimento antilusitano e anticolonialista, o Romantismo adota como traço essencial o nacionalismo, que abre outras possibilidades temáticas para exploração, tais como: o indianismo, o regionalismo, a pesquisa histórica, folclórica e linguística.
O principal nome desse período foi Antônio Gonçalves Dias (1823 – 1864), em cuja produção épica se destaca o poema I-Juca-Pirama, abaixo transcrito.
IV
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
Já vi cruas brigas,
De tribos imigas,
E as duras fadigas
Da guerra provei;
Nas ondas mendaces
Senti pelas faces
Os silvos fugaces
Dos ventos que amei.
Andei longes terras,
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras
Dos vis Aimorés;
Vi lutas de bravos,
Vi fortes — escravos!
De estranhos ignavos
Calcados aos pés.
Nestes trechos pode-se perceber que a alusão ao índio faz da abordagem indigenista o veículo representativo da nossa cultura. O poema representa o passo decisivo para a transformação das manifestações nativistas da