Estado Moderno
O nome do pensador e político italiano Nicolau Maquiavel destaca-se indiscutivelmente na elaboração de uma moderna concepção de política. Na verdade, ele é o responsável pela autonomia da ciência política, pois deixou de lado as preocupações predominantemente filosóficas da política normativa da Antiguidade e, ao mesmo tempo, desvinculou-as da fé e da moral cristã da Idade Média. Sua obra política, enfim, trata "das condições nas quais se vive e não das condições segundo as quais se deve viver".
A reflexão política tradicional, herdada da filosofia grega, buscava descrever, em termos ideais, o bom governo. Pretendia apresentar as regras a serem obedecidas por um governante ideal para atingi-lo. Maquiavel constata, com uma objetividade implacável, como os homens governam de fato. A partir disso, ele reconhece que, na política, prevalece a lógica da força. Portanto, considera impossível o exercício do poder sem recorrer, em maior ou menor grau, à violência.
Em uma célebre máxima, Maquiavel afirma que "os fins justificam os meios". Ou seja, pouco importa que - para construir uma sociedade justa - um governante recorra aos métodos mais criminosos que se possam imaginar. Os resultados dessa mentalidade maquiavélica, historicamente, só serviram para justificar atrocidades.
Os partidários do líder soviético Josef Stálin, por exemplo, consideravam totalmente justificável o fato de ele ter condenado à morte centenas de milhares de camponeses que resistiram ao seu projeto de coletivização da agricultura, na Rússia dos anos 1930. Fazendo eco ao pensador florentino, eles diziam que a política não se