Estado da Cultura
O Estado deve ser um grande suporte e dinamizador da cultura, porém esta não se deve submeter ao poder do Estado.
Para Fernando Pessoa, poeta português, “Cultura não é ler muito, nem saber muito; é conhecer muito.". E como conhecimento é poder, os estados não democráticos e menos evoluídos têm uma tendência natural e muitas vezes intencional de limitar o acesso do povo à cultura. As grandes revoluções mundiais tiveram origem em princípios defendidos por grupos de elementos muito ligados à cultura que acabaram por arrastar multidões, provocando entre o poder instituído algum receio em governar um povo culto. Esta ideia está perfeitamente definida por António Lobo Antunes, na sua afirmação "A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos."
Podemos assumir que a cultura é um dos grandes pilares da sociedade, e como conceito multifacetado abrange um grande número de áreas, como a Arte, a Língua, a Música, os Hábitos e Costumes, entre outras. Um Estado com políticas culturais ignoradas e desprezadas por grande parte da população, muitas vezes baseadas em subsídios atribuídos com critério duvidoso e nalguns casos tendencioso, em nada contribui para o enriquecimento cultural da sociedade.
Contudo, os governos, intencionalmente ou por incompetência, acabam por privilegiar a chamada cultura erudita, mais ligada às elites do meio académico, esquecendo a cultura popular, produzida e participada ativamente pelo povo com base nas suas tradições e costumes, assim como a cultura histórica que contribui para um melhor conhecimento da nossa evolução como sociedade e como indivíduos. Se o Estado tem medo da cultura e não a considera como um bem essencial, a sociedade tem o direito e o dever de lutar pela alteração dessa política, e citando André Malraux, escritor e político francês, "A cultura não se herda, conquista-se."