Esporte na escola e esporte de rendimento Valter Bracht
Esporte na escola e esporte de rendimento
Valter Bracht*
Como lidar com um fenômeno tão poderoso como o esporte sem sucumbir a ele?
(Ricardo Lucena, 1999)
INTRODUÇÃO
O tema esporte de rendimento na escola foi avaliado pela editoria da revista
Movimento como controverso e como tal eleito para ser discutido na seção da revista destinada exatamente ao debate de temas de caráter polêmico. Dentro desta perspectiva fui convidado para expressar minha opinião e/ou posição a respeito.
Inicialmente fiquei me perguntando: o tema é realmente polêmico? ou seja, mobiliza a comunidade da área num debate onde posições distintas disputam a hegemonia? Efetivamente o esporte de rendimento1 já esteve sim no centro das dicussões pedagógicas na Educação Física (EF). Algumas razões para tanto foram ou são: a) o esporte (de rendimento) tornou-se a expressão hegemônica da cultura de movimento no mundo moderno; b) uma das bases da legitimação
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social do sistema esportivo era sua alegada contribuição para a educação e a saúde; c) o esporte é/era o conteúdo dominante no ensino da EF; d) o sistema esportivo via na escola uma instância contribuidora importante para o seu desenvolvimento, uma de suas "bases"; e) com a sociologia crítica do esporte (e da educação) surgem dúvidas quanto ao valor educativo do esporte.
Embora o tema nunca tenha saído efetivamente de pauta, ele, enquanto objeto de polêmica, parece viver um
"renascimento". O que estaria fazendo com que este tema adquirisse novamente um caráter polêmico, ou seja, fosse capaz de mobilizar a comunidade para um debate?
É a constatação de que o tema não se esgotou? Que teriam permanecido questões fundamentais a serem discutidas? Em suma, seriam razões "internas" ao debate?
Sim e não! Assim como na década de 80 o esporte vai tor-
nar-se objeto de severa crítica a partir de desdobramentos no plano social mais geral, também agora parece que o