Espiritismo e as mulheres
Não é uma tarefa fácil tentar organizar pensamentos sobre dois temas aparentemente tão distantes, mas que necessitam tanto encontrar pontos em comum e estabelecer um diálogo aberto. Não é uma questão de “converter” feministas em espíritas ou de transformar todos os espíritas em feministas, mas mostrar como ambos esses sistemas de pensamento tem muito a ganhar aprendendo mais um sobre o outro.
Sempre tive uma certa aversão ou falta de interesse por certas coisas consideradas “femininas” pela sociedade em geral. Muitos anos depois, quando já estava me preparando para cursar o mestrado que lidava com o assunto da alteridade pude entender melhor por quê. Talvez eu já tivesse sentimentos feministas antes, mas não possuía ainda o vocabulário e a base argumentativa para falar sobre o assunto ou me explicar. Já as palavras do Espiritismo sempre estiveram presentes no meu cotidiano porque meus pais eram espíritas e eu desde cedo freqüentei a evangelização. Não imaginava que os dois pudessem se entrelaçar. Porém, eu me lembro que uma vez fui à COMEERJ (Confraternização das Mocidades Espíritas do Rio de Janeiro) e perguntei por que Jesus não tinha apóstolas. Lembro que o confraternista respondeu que Jesus procurou não quebrar as regras da época, mas observou que na nossa sala havia muito mais meninas do que meninos, estudando e tentando praticar os ensinamento do Divino Mestre. Ele pode não ter quebrado as regras de maneira agressiva, mas quebrou-as sim, e voltarei à esse ponto quando for mais oportuno. Perceber isso foi muito importante para que eu visse uma ligação entre o cristianismo e o feminismo, e por associação, o espiritismo.
Há vários pontos importantes no feminismo e no Espiritismo que podem ser analisados e estudados mais de perto de maneira complementar. As questões de igualdade, família e reencarnação podem ser melhor entendidas com ajuda das teorias feministas. As questões contemporâneas com as quais as feministas se