Escravos
Um documento do aproximado ano de 1745 a. C., o Papiro Brooklyn 35.1446, mostra que, durante a XIIIª dinastia, um funcionário possuía 92 escravos, dos quais a maioria era de origem egípcia. A descoberta desse papiro implica uma mudança na crença que se tinha de que não havia escravos possuídos por particulares antes do Reino Novo – 1580-1085 a.C – (até então não havia nenhum registro que comprovasse a existência nem mesmo de uma definição jurídica clara de escravidão). O papiro também desmontou a crença de que não havia um número considerável de escravos egípcios.
Esses escravos de origem egípcia podiam ser descendentes de pessoas escravizadas por terem fugido da corveia real, e os estrangeiros eram líbios, núbios e, sobretudo, asiáticos.
A situação dos escravos dependia da atividade que desempenhavam. Os escravos domésticos, artesãos, artistas, ao que tudo indica, tinham melhor sorte. Já os que trabalhavam nas minas e pedreiras pareciam ser os mais desgraçados. Havia, ainda, os escravos, que eram maioria, pertencentes ao Estado e aos templos. Estes viviam encerrados em estabelecimentos de trabalho (shenau), de onde só saíam quando eram requisitados para trabalhos a serviço do governo, dos deuses e, eventualmente, de particulares privilegiados.
Os escravos do antigo Egito, no entanto, possuíam inúmeras diferenças em relação aos “escravos-mercadoria” clássicos. Os escravos egípcios tinham personalidade jurídica, podendo, então, casar-se com pessoas livres, com o filho seguindo o status da mãe, podiam adquirir propriedade, e até mesmo testemunhar contra seus donos.
Com relação à alforria, esta só aparece tardiamente, mas sabe-se de casos anteriores à adoção da alforria formal, em que escravos se libertaram pela adoção ou casamento com pessoas livres.
Assim, quando se refere ao trabalho no antigo Egito deve-se prestar atenção no uso do termo “livre” e “escravo”, pois naquela civilização ambos os termos tinham diferentes significados e