Escravos letrados
Escravos letrados: uma página (quase) esquecida
Marialva Carlos Barbosa
1 Introdução
Quando se fala em história da imprensa no Brasil e há qualquer referência ao chamado
Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.1, jan./abr. 2009.
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Resumo
O artigo procura mostrar que, apesar de ser pouco referenciadas, a leitura e a escrita dos escravos do século XIX no Brasil podem ser perfeitamente recuperadas a partir de múltiplos indícios. O estigma da imersão dos escravos num mundo cuja prevalência era a oralidade encobre as suas múltiplas possibilidades de letramento e leitura numa sociedade perpassada pelos impressos. Palavras-chave Escravos. Leitura. Impressão.
período Abolicionista, o que se destaca é a participação dos jornais e de alguns dirigentes dessas publicações no debate em favor ou contra a escravidão. De tal forma que alguns desses periódicos recebem o epíteto de “jornais abolicionistas” e seus líderes são cultuados, pela historiografia em geral e da imprensa, em particular, como nomes imprescindíveis no processo de término da escravidão no país. Os periódicos – tanto os que representavam um discurso mais conservador, quanto os que se auto-definiam como libertários – espelhavam as idéias predominantes do período e, mesmo quando publicavam veementes defesas contra o escravismo, produziam apologias disfarçadas ou não de racismo e disseminavam de maneira
Marialva Carlos Barbosa | mcb1@terra.com.br
Doutora em História pela Universidade Federal Fluminense – UFF. Professora titular da UFF e professora do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFF. Possui pós-doutorado em Comunicação pelo LAIOS-CNRS (Paris/França). É Diretora Científica da INTERCOM e Presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia – ALCAR.
mais ou menos subliminar preconceitos contra os negros. Os mesmos jornais que