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Resumo
Este texto busca fornecer ao seu leitor um conhecimento básico a respeito do Balanço de Pagamentos e de suas inter-relações com algumas questões macroeconômicas que têm sido freqüentemente discutidas no âmbito nacional, tais como as causas das elevadas taxas de juros praticadas no país e suas relações com as variações cambiais, com o controle inflacionário e com o crescimento econômico brasileiro. Em especial, faz-se uma análise do Plano Real e discute-se a participação de alguns dos principais agentes políticos no processo de estabilização econômica: a forma como a moeda nacional foi artificialmente valorizada e os custos disso para o país, os discursos e algumas contradições desses agentes quando se trata de fazer política e estimular o crescimento. Obviamente existirão demais fatores relacionados aos casos, dada à imensa quantidade de variáveis existentes quando se trata de macroeconomia. Espera-se, porém, que o leitor consiga compreender alguns aspectos importantes relacionados ao tema.
Palavras-chave: balanço de pagamentos, juros, câmbio, Real.
1. Introdução
A valorização da moeda nacional a partir do Plano Real provocou efeitos diversos na economia brasileira. Se, por um lado, beneficiou a país como um todo na medida em que finalmente obtivemos o controle inflacionário por tanto tempo almejado; por outro, a valorização da taxa de câmbio, conseqüência do Plano, trouxe ao país um custo bastante elevado dado ao fato de que o Brasil passou a perder divisas na balança comercial. Criou-se, a partir daí, uma situação bastante paradoxal: a estabilidade econômica depende fundamentalmente do controle inflacionário, para isso, valorizou-se artificialmente a moeda, gerando déficits comerciais ao país, que passou a perder divisas internacionais. Para compensar esse efeito negativo, o governo manteve a taxa de juros elevada para atrair capitais