Escravidão
Lovejoy admite uma relação causal entre o tráfico atlântico e o subdesenvolvimento africano (20); seu foco, no entanto, é a interação entre as forças locais e os elementos externos, e como essas relações afetaram o curso da história. O assunto é controverso, vai desde os autores que consideram que o tráfico de escravos era excessivamente marginal para afetar de forma significativa a economia africana (Eltis) até autores que consideram que a escravidão modifica completamente o quadro econômico (Manning); Inikori considera que não havia escravidão propriamente dita na África, enquanto Thornton busca demonstrar que o tráfico atlântico se desenvolve sobre um sistema já previamente disponível. Analisa ainda a especificidade da escravidão na África, transformada em modo de produção, articulando mecanismo de escravização, tráfico de escravos e utilização dos mesmos (22).
A escravidão na África tem três etapas de desenvolvimento: de 1350 a 1600 (onde prevalece o tráfico transaariano), 1600 a 1800 (tráfico atlântico) e 1800 a 1900 (ocupação imperialista da África); nesse processo o escravismo se torna fundamental para a economia política africana, ocupando uma área geográfica cada vez maior e transformando completamente a ordem social, econômica e política, sempre sob a pressão do comércio exterior (29).
Definição: forma de exploração onde o escravo é concebido como propriedade e como tal desprovido de herança social; o senhor dispõe livremente de sua força de trabalho e sua sexualidade e do direito de coerção; como propriedade podia ser comprado e vendido, com eventuais restrições da moral religiosa à separação de famílias, sobretudo crianças (30). A escravidão é via de regra aceitável quando imposta ao estrangeiro, ao alienígena, ao diferente; seja por não pertencer ao mesmo grupo religioso, seja por pertencer a outra raça ou falar