Esconderijo
Há alguns anos foi ao ar uma campanha publicitária com o slogan “Onde você guarda seu racismo”. Discutia a idéia de que todos escondiam, em algum lugar, um pedaço de preconceito racial e conclamava a sociedade a repensar seus conceitos. Seus preconceitos. Não posso dizer que a campanha por si só foi um sucesso, mas ouso dizer que, serviu, ao lado de muitas outras, para ajudar na construção de um país menos dividido em razão da cor da pele. Se você é muito jovem não deve recordar-se, mas nos fins dos anos 80, quando a nova Constituição da República foi promulgada em nosso país, trazendo um inciso que tratava como crime aquilo que muitos pensavam ser opinião, o barulho foi grande!
Vinte e três anos se passaram, e, se não serviram para acabar com o racismo, ao menos permitiram que negros e pardos tivessem mais voz.
Gostaria imensamente que a mesma campanha fosse relançada hoje. Em defesa de nós, homossexuais.
Onde se guarda o preconceito? Ele não está tão escondido assim. Está logo ali, mal oculto, disfarçado de frase feitas. A mais comum é aquela em que inicialmente se nega o fato. Diz-se não ser preconceituoso, segue-se um “ inclusive tenho amigo homossexual”, e chega-se ao “mas”. Alguém já ouviu essa frase ser dita sem um “mas” a seguir? Esta pequena conjunção é que estraga tudo. Poderíamos bani-la e a paz mundial reinaria. Outra famosa é “se a escolha é sua...” Dita com reticências. Que acredito substitui o foda-se. Quer ser anormal, foda-se. Quer ser o responsável pela extinção da espécie? Foda-se. Ou seja, “Você é estranho. Mas seja grato pela minha amizade e compreensão”
No Olimpo das frases bizarras está o “eu não me importo, muito pelo contrario”. Dita por 11 dentre 10 homens quando se aproximam das lésbicas. A pseudo-compreensão dura somente ate eles se darem conta de que lesbianismo não é sinônimo de frustração sexual acompanhada de feminismo exacerbado. E que, definitivamente, eles não são a cura!
Falando em cura, não podia