Lisboa, esconderijo da literatura
Começava um grande dia. Apesar da chuva, entusiasmo não faltava da minha parte, assim que chegámos ao Museu do Teatro. Nas amplas salas que antigamente pertenciam a um palácio de família nobre, várias exposições chamavam à atenção. Foi fascinante ver como o teatro evoluiu no nosso país, como mudou ao longo dos anos, como progrediu até chegar ao que é hoje. Tornou-se uma arte bem diferente da inicial, mudou mentes e mudou com o estilo de vida. Ver caras conhecidas penduradas nas paredes foi agradável, senti que o teatro atual tem grande importância no país, que as figuras públicas que tão bem conhecemos marcaram de forma histórica esta arte.
Ao longo de toda a visita ao museu apercebi-me que o teatro é uma arte complexa, com várias componentes que apenas estando em harmonia podem constituir um verdadeiro espetáculo. Exposição a exposição, senti que me encontrava num processo de elaboração desse espetáculo, e foi, realmente, muito bom poder conhecê-lo.
Com a barriga já cheia, chegámos aos Restauradores, onde se abre a Avenida da Liberdade. Esta extensa e ampla avenida faz-nos sentir numa cidade grande, aberta, histórica e ao mesmo tempo moderna. Os hotéis luxuosos, as lojas caras e as imponentes estátuas fizeram-me sentir num país diferente daquele a que estou habituada, um país mais rico, mais importante.
O mesmo se passa na zona do Rossio. É possível imaginar as personagens de “Os Maias” a passear por ali, as conversas entre Carlos e Ega, no centro de uma cidade clara e aberta. Até ao Chiado, os edifícios claros e praticamente todos em cores pastel conferem luz à cidade, conferem modernidade e, para ser sincera, um sentimento verdadeiramente agradável. Passar por todos aqueles sítios referidos na obra “Os Maias”, pensar que aquelas inúmeras personagens passaram por ali, viveram ali, desfrutaram os seus dias ali, foi magnífico. É como estar dentro do livro. É uma questão de adequar a nossa visão aos tempos