Trabalhos
AS ESTRATÉGIAS POLÍTICO-CULTURAIS DE DOM JOÃO VI NO PRINCÍPIO DO SÉCULO XIX: UM ESTUDO DE CASO SOBRE OS PINTORES VIAJANTES.
Monike Garcia Ribeiroi A partir do exame do novo contexto político que se estabelece a partir da vinda ao Brasil da Família Real Portuguesa em 1808ii, pretende-se discutir as relações da Política com a Cultura, que aqui se apresentam desdobradas em uma série de estratégias político-culturais específicas da Corte Portuguesa, incluindo a constituição de novos ambientes artístico-culturais. Dentro deste quadro geral examina-se, em sintonia com esta ambiência política, a atuação dos pintores viajantes na primeira metade do século XIX, bem como a criação de uma série de Instituições culturais, como: a Biblioteca Nacionaliii, a Impressão Régia, o Jardim Botânico, entre outras. O objeto proposto habilita-nos a abordar as relações entre Política e Cultura de acordo com a perspectiva teórica da “Nova História Política que começa a se consolidar a partir dos anos 1980 passando a se interessar também pelo ‘poder’ nas suas outras modalidades (que incluem também os micropoderes presentes na vida cotidiana, o uso político dos sistemas de representações, e assim por diante)”.iv Será nossa intenção avaliar as mudanças nas práticas sociais do Brasil a partir das relações que se estabelecem entre os portugueses, recém chegados, e os habitantes fluminenses, em torno da presença de D.João VI e a sua corte. O deslocamento da família real (destacamos Dona Maria e o seu filho, o príncipe D.João) e da corte portuguesa ao Brasil, no início do século XIX, representou um período significativamente importante para a Cultura Nacional. Ao buscar viabilizar a sua permanência no Brasil, o governo de D. João VI criou uma série de incentivos e instituições culturais que produzem efetivamente um diferencial em