Esboço teórico e poético sobre a perca do Sentido
Nicolas Henrique
Saudades do sentido. Se houvesse uma crítica profunda e séria que eu desejaria despojar sobre o mundo sem dúvida eu diria que o mundo não tem mais sentido. Nos dois, três, mil jeitos que essa expressão pode apresentar. O mundo não vem mais sentindo nenhum valor humano, em nenhum nível considerável de intensidade. Ao mesmo passo o mundo contemporâneo é puro sentir, irônico que até mesmo sensações, assim como a razão, precisam ser intensificados, aprofundados, entendidos além do que se pode ver. As funções sociais hoje não provocam uma razão essencialmente lógica e sensível, no fundo elas de nada possuem de nobre, pois que as funções sociais realizadas não são sentidas em plenitude por um sentimento que ao mínimo deveria ser agradável ou conveniente, se faz porque se tem que fazer e porque no fim do mês ou da década, ou do século, se recebe algo material de valor em troca e é nesse pequeno espaço de tempo onde a perfeição e o resultado do que se foi imposto aparece, raramente. A lógica existencial facultada na percepção de que não se deve viver para que depois, eventualmente, se possam ter coisas para a vida acontecer. O sentido de vida pouco compreendido é jogado numa incompreensão tão imensa e imersa na massiva imposição do que é fazer-se vivo. Liberdade à prestação, leve dois amores e pague um, a felicidade em até trinta meses, honra agora com descontos até o fim do mês, sexo com café, boquete com sorvete, sexo oral para poder assistir debate político relaxado, suruba na loja de brinquedos, até dois dedos na bunda se o preço for acima de cem reais, a semente de algo estupidamente sem sentido esta sendo plantada. Valores vendidos, humanos sem sentidos. O amor, por exemplo, já o jogaram numa privada e deram descarga pois que hoje em dia ele não passa de uma bela cagada. Se algum dia o amor esteve ao lado do ser humano com toda profundeza que seu sentir pede com certeza não se realizou nos tempos