Epistomologia
TERESINA - PIAUÍ
ANO 2.014 / 1.
A N A T O M I A
Sala de Dissecação: "Hic mors gaudet succurrere vitae"
Respeito ao CADÁVER no estudo da Anatomia Humana
Prof. Dr. Renato Locchi A utilização do cadáver é uma tríplice lição educativa:
a) - Instrutiva ou informativa, como meio de conhecimento da organização do corpo humano, precedendo ao estudo no vivo;
b) - Normativa, disciplinadora do estudo, pelo seu caráter metodológico e de precisão de linguagem;
c) - Estético-moral, pela natureza do material de estudo, cadáver, e pelo método primeiro de aprendizado, a dissecação, que é experiência e fuga repousante na contemplação da beleza e harmonia de construção do organismo humano. Essencialmente, porém, é lição de ética e de humildade, porque:
1) – É o cadáver do indigente-homem, mulher, criança, velho - marginal da vida, da família e da sociedade; cadáver que, tal como o doente indigente, não é fato isolado da sociedade, mas seu reflexo, dela provindo; cadáver que é o meio para o vivo, como o doente o é para a sociedade;
2) – Cadáver cujos despojos miseráveis no "abandono da morte, parecem ainda sofrer e pedir piedade"; partes mortas que serão vivificadas pelo calor da juventude estudiosa e de seu sentimento de gratidão;
3) – Cadáver de pessoa sem lar, abandonada, esquecida ou ignorada pela família e pela sociedade, em partes ao menos, culpada; de pessoa que mal viveu, do nascimento á agonia solitária, sem amparo e sem conforto amigo; vida que de humana só recebe o apelido;
4) – Cadáver de um "Irmão em Humanidade", que não teve ilusões, descrente e sofrido; de pessoas que, quanto mais atingida pela desventura, mais se aproximava da mesa de dissecação, como prêmio à sua desgraça;
5) – Cadáver de alguém que, se foi inútil oneroso ou mesmo nocivo à sociedade, paga, pelo conhecimento que proporciona ao futuro médico,