ENTREVISTAS PRELIMINARES COM CRIANÇAS
A pesquisa apresenta como tema o sintoma da criança. Na clínica psicanalítica com crianças, o cliente, a criança, raramente manifesta seu desejo de ser levado a um analista.
Normalmente, os pais, a escola ou instituições cuidadoras procuram a clínica psicanalítica apresentando uma demanda de atendimento para a criança. Nas entrevistas preliminares, os analistas ouvem a queixa apresentada pelo solicitante do atendimento, ou seja, a queixa referente ao sintoma da criança. Esse sintoma aparece na queixa como algo que não só incomoda a criança, mas também a essas pessoas que convivem com ela. Além do sintoma da criança pretende-se investigar a constituição do sujeito, o Outro e suas implicações na clínica de crianças.
Não há na Psicanálise uma teoria que remeta ao adulto e outra que remeta à criança.
A Psicanálise é uma só para se trabalhar o sujeito em todas as suas manifestações. A criança é tomada enquanto sujeito e não se encontra passiva diante da formação de seu sintoma. Ela escolhe a maneira como conceberá a imago paterna e materna e, de alguma maneira, entra como complemento no conflito parental, em que ela é tomada como elemento do fantasma da mãe.
A criança é sujeito de desejo. Essa definição difere da visão de criança que foi mantida dentro de um contexto histórico-político-social-econômico-libidinal. O conceito O sintoma da criança, para Lacan (2003), um “representante da verdade”, responde ao que há de sintomático na estrutura familiar. É um sintoma que pode representar o sintoma do casal ou ser produto da subjetividade da mãe, como “correlata de uma fantasia que a criança é implicada” (LACAN, 2003, p. 369).
A demanda da criança para isso precisa ser decifrada. A demanda apresentada pelos pais é relatada à criança, bem como o papel do analista nessa relação e é