Demanda E Tratamento Anal Tico Na Cl Nica Dos Novos Sintomas
Antonia Claudete Amaral Livramento Prado
Seminário de Novembro de 2009
A noção de demanda em psicanálise tem uma significação particular. Diferentemente da necessidade, que é de ordem orgânica e visa um objeto específico (comida, água, sono...). A demanda é de ordem psíquica e visa sempre uma outra coisa – visa sempre o Outro – comporta um pedido de reconhecimento, de amor, de preenchimento. Na necessidade, o mal-estar se dá no organismo como a fome, por exemplo. Na demanda, o mal-estar está no sujeito pelo fato de sentir que algo lhe falta, algo que ele não sabe o que é, mas supõe que o Outro tenha e que, de alguma forma, lhe possa dar.
A demanda é sempre demanda de algo que possa eliminar a falta-a-ser. Na origem da falta-a-ser está a castração, que por sua vez condiciona o desejo que mobiliza a demanda.
A demanda está, então, para além da necessidade, está no registro do desejo, e o desejo tem como condição manter-se insatisfeito (uma vez que seu objeto não existe – a demanda tem relação com o impossível). Logo, a demanda, que é demanda de amor, tende ao infinito. A demanda que o bebê faz à mãe não é precisamente de alimento, mas sim de deixar-se ser por ela alimentado – pois o desejo é sempre do Outro. Quando o amor excede os limites dados pelo princípio do prazer, estamos no campo do gozo da pulsão de morte.
Na demanda de tratamento, há sempre algo que está para além da demanda que ele formula. No sujeito contemporâneo, a demanda reflete o campo de gozo.
A demanda tem dois momentos distintos no trabalho analítico:
1. A queixa – sempre carregada de angústia, de um sofrimento muitas vezes difuso, sem sentido. O pedido de ajuda feito ao analista é para que ele alivie o mal-estar. A queixa do sujeito refere-se ao Outro, a causa do mal-estar está em algo que está fora do sujeito, e o problema é entregue ao analista. Por conta dessa dor, o sujeito não pode trabalhar, ou se relacionar, ou