Entrevista lúdica
Theresa Pinto
A Entrevista Lúdica / Hora de Jogo Diagnóstica
Para começar a entender a importância da entrevista lúdica vejamos o exemplo citado por Blanca Werlang no livro Psicodiagnóstico – V, quando a autora nos relembra da interpretação feita por Freud sobre uma brincadeira de seu neto de 18 meses:
“O menino brincava com um carretel amarrado em um barbante e, sempre segurando o fio, lançava o carretel por cima de seu berço, cercado por uma cortina, onde esse desaparecia. Exclamava, então,” fora “(fort), puxando logo o barbante, até atirar o carretel para dentro do berço, saudando seu aparecimento com um alegre “aqui” (da). (2003, pág. 96).
Com essa observação Freud compreendeu que a criança estava brincando de ir embora e voltar. Era a maneira que tinha para controlar a angustia da ausência da mãe assim demonstrou a função e o mecanismo psicológico da atividade lúdica infantil. Assim, podemos afirmar, que a entrevista lúdica tem grande papel no atendimento de crianças constituindo-se como uma técnica de avaliação muito rica. Com ela podemos compreender a natureza do pensamento infantil, fornecendo informações significativas do ponto de vista evolutivo, psicopatológico e psicodinâmico, possibilitando formular conclusões diagnósticas, prognósticas e indicações terapêuticas. Ainda segundo Werlang (2003), podemos estudar o brincar da criança sob o enfoque de diferentes autores. Como constatamos acima, para Freud, as crianças repetem nas brincadeiras tudo o que na vida lhes causou profunda impressão. Brincando fazem algo que na realidade lhe fizeram e, portanto, ao reproduzir situações vividas na vida real, tornam-se senhoras de si próprias. Através do brinquedo a criança não só realiza seus desejos, mas também domina a realidade, graças ao processo de projeção dos perigos internos sobre o mundo externo. O brinquedo é, então, um meio de comunicação que permite ligar o mundo externo, o interno, a realidade e