Entrevista IDEC
Num mundo de informações fragmentadas, imagine se fosse possível orientar esse fluxo em favor do consumidor. E, com isso, surgisse um sistema de informação dirigido aos problemas e à qualidade do consumo. Imagine se o dinheiro captado para tais campanhas de conscientização viesse da publicidade, um setor que movimenta bilhões por ano. Para o professor
Ladislau Dowbor, essa é uma realidade que pode equilibrar a dinâmica atual, na qual a propaganda domina o nosso espaço, tempo e a mídia.
Numa entrevista ao jornal Gazeta do Povo, o sr. defendeu uma idéia polêmica. Disse achar viável a criação de uma taxa sobre os investimentos das empresas em publicidade. Esse recurso seria redirecionado para campanhas de conscientização do consumidor. Como isso funcionaria?
Acho totalmente correta a proposta da criação de uma taxa, em torno de 3%, sobre os gastos em publicidade das empresas. O dinheiro arrecadado faria parte de um fundo de investimento, cujos recursos seriam destinados para organismos isentos de informação.
Atualmente, a publicidade movimenta US$ 430 bilhões por ano em todo o mundo. É simplesmente uma barbaridade! Você está “inundado” de anúncios e nunca as pessoas ficaram tão desinformadas. Estamos falando de um gigantesco recurso mundial que absorve a nossa capacidade limitada de atenção, joga lixo dentro do nosso nível de consciência, que é o negócio mais precioso que temos. Você se sente invadido, cansado! Os norte-americanos até usam o conceito de sobrecarga sensorial nesses processos.
Nem sempre nos damos conta também de que o investimento em propaganda sai dos nossos próprios bolsos. Outro dia, por exemplo, meu filho estava indignado com a publicidade feita por um governo. Ele disse: “Eles fazem propaganda com o nosso dinheiro”.
E eu perguntei: “Mas e a Coca-Cola”? “A Coca-Cola não”, ele respondeu, “isso é dinheiro deles”. Daí, ele pensou um pouco e percebeu: “Claro, nós é que pagamos por isso”. O valor
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