Entrevista do Manolo Florentino
Um dos grandes estudiosos da história da África e da escravidão no Brasil
Seu livro fala do final do século XVIII e o ano de 1830.Porque escolheu esse período?
Marca a conjuntura final da colonização e o início do Brasil como uma nação independente. Contudo, apesar de todas as medidas feitas pela Inglaterra desde 1810, esse é o período que mais entra escravos no Brasil. Alguns desses fatores são: a Revolução Haitiana, que abre um novo mercado açucareiro no Brasil; o Brasil também eleva a produção de algodão e inicia o cultivo do café. Pode-se acrescentar também o crescimento do mercado interno nas regiões sudeste, nordeste e centro- oeste.
O Brasil exportava açúcar e importava escravos.
O açúcar é o principal produto de exportação do Brasil. Contudo, nenhum valor se compara com os gastos com compra de escravos da África, e o Rio de Janeiro concentra dois terços do mercado escravocrata do Brasil. Porém há características bem peculiares disso: o capital utilizado no comércio de escravos, é da colônia e não da metrópole. Os negociantes investem aqui, e utilizam esse dinheiro no aluguel dos navios, no seguro das viagens e etc. E apesar de haver dinheiro estrangeiro, o principal é o capital da colônia.
Dimensão do tráfico.
Entre os séculos XVI e XIX entraram no Brasil entre 4,7 e 4,8 milhões de escravos.
Perfil dos comerciantes de escravo
Ele integra a elite da época, junto com os plantadores de cana. Começa no mercado de importação e exportação de produtos, depois tem sua atenção voltada a altíssima lucratividade do comércio de escravos e ai começa a “praticar” o novo ramo.
Até 1830 a viagem dava lucro de 19%, e após a proibição do tráfico o lucro chegou a 25%, pois havia mais riscos. Em sua grande maioria são homens do comércio e apenas 5% começam como capitães de navio.
Muitos atuam também na redistribuição dos escravos, assim potencializando os ganhos financeiros.
O comerciante permanece no ramo mesmo após a proibição? Alguns sim,