Carta dos 113 intelectuais contra a Racialização do BRasil

5138 palavras 21 páginas
Carta dos 113 intelectuais contra a Racialização do Brasil

21 de abril de 2008

Nós, intelectuais da sociedade civil, sindicalistas, empresários e ativistas dos movimentos negros e outros movimentos sociais, dirigimo-nos respeitosamente aos Juízes da corte mais alta, que recebeu do povo constituinte a prerrogativa de guardiã da Constituição, para oferecer argumentos contrários à admissão de cotas raciais na ordem política e jurídica da República.

Na seara do que Vossas Excelências dominam, apontamos a Constituição Federal, no seu Artigo 19, que estabelece: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”. O Artigo 208 dispõe que: “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um”.

As palavras da Lei emanam de uma tradição brasileira, que cumpre exatos 120 anos desde a Abolição da escravidão, de não dar amparo a leis e políticas raciais. No intuito de justificar o rompimento dessa tradição, os proponentes das cotas raciais sustentam que o princípio da igualdade de todos perante a lei exige tratar desigualmente os desiguais. Ritualmente, eles citam a Oração aos Moços, na qual Rui Barbosa, inspirado em Aristóteles, explica que: “A regra da igualdade não consiste senão em aquinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade.” O método de tratar desigualmente os desiguais, a que se refere, é aquele aplicado, com justiça, em campos tão distintos quanto o sistema tributário, por meio da tributação progressiva, e as políticas sociais de transferência de renda. Mas a sua invocação para sustentar leis raciais não é mais que um sofisma.

Os concursos vestibulares, pelos quais se dá o ingresso no ensino superior de qualidade

Relacionados

  • Lero lero
    5683 palavras | 23 páginas
  • 120 Anos da luta pela igualdade racial no brasil.
    9986 palavras | 40 páginas
  • Discriminação racial
    255947 palavras | 1024 páginas
  • Maria Do Socorro Da Silva Dissertacao
    70762 palavras | 284 páginas
  • convivio e colaboração das raças
    77788 palavras | 312 páginas
  • Mulher negra: Afetividade e Solidão
    116554 palavras | 467 páginas
  • Enegrecendo o feminismo
    46670 palavras | 187 páginas
  • pedagogia
    114310 palavras | 458 páginas
  • Negritude Sem Etnicidade Copy 1
    114774 palavras | 460 páginas
  • africano e o colono europeu
    12156 palavras | 49 páginas