O apagão da leitura
Pesquisa
O apagão da leitura
Ler e não entender é chaga que afeta até a elite bem formada do país: o que você pode fazer para interpretar melhor os textos que lê
Adriana Natali
O Brasil vive prosperidade mendiga na leitura. A escolaridade média do brasileiro melhorou como nunca na última década, assim como a inclusão no sistema de ensino. O brasileiro comprou mais de 469 milhões de exemplares de livros em 2011.
O Plano Nacional do Livro e Leitura mapeou 900 atividades listadas pelo Estado para incentivo à leitura. Mas os sintomas do avanço parecem a ponta do iceberg do atraso: se é verdade que nunca se leu tanto no país como na era da internet, também é fato que nossa qualidade da leitura, historicamente ruim, ganhou agora precisão de pesquisa.
O Indicador do Alfabetismo Funcional 2011-2012, do Instituto
Paulo Montenegro em parceria com a ONG Ação Educativa, mostra que só 1 em cada 3 brasileiros com ensino médio completo é de fato alfabetizado (35%), e 2 em cada 5 com formação superior (38%) têm nível insuficiente em leitura. É gente que ocupa o refinado nicho das pessoas qualificadas do país. Parcela significativa da população, elas simplesmente não entendem o que leem.
Sinal
vermelho
A pesquisa mostra que só 1 em 4 brasileiros (26%) é mesmo alfabetizado, idêntico patamar verificado em 2001, quando o indicador foi
calculado
pela
primeira
vez.
Os
analfabetos
funcionais representam 27% do país e menos da metade da população (47%) tem nível de alfabetização considerado básico.
A maioria não sabe o elementar para ser entendida ao rascunhar, se muito, um mero bilhete.
Há uma crise da escrita, a incapacidade de expressão por meio de um texto, que tem relação direta com o apagão da leitura no país. Para Fernanda Cury, consultora de projetos do Instituto
Paulo Montenegro, a série de dez anos dos levantamentos nacionais da organização revela melhorias no alfabetismo do país, que