Entrevista Com Octavio Ianni
26/11/2001
Globalização e poder midiático são alguns dos temas abordados pelo cientista social, autor de O príncipe eletrônico
Paulo Markun: Boa noite. Ele diz que já não tem mais importância se somos brasileiros, japoneses ou alemães, pois, na realidade, viramos cidadãos do mundo. A globalização, que não afetou só a economia, mudou comportamentos e o modo de pensar e que criou impasses para a grande sociedade civil representada pelo mundo atual. Para discutir essa realidade e suas perspectivas, o Roda Viva entrevista esta noite o professor Octavio Ianni, um dos mais importantes cientistas sociais brasileiros. Há mais de cinco décadas na vida acadêmica, o professor Ianni fez parte da chamada Escola de São Paulo, como ficou conhecido o grupo de sociólogos surgido no início dos anos 1950, na USP [Universidade de São Paulo], em torno do nome de Florestan Fernandes, reunindo, entre outros, o presidente Fernando Henrique Cardoso. Ianni é pesquisador da nossa formação histórica e das nossas dificuldades de ingresso do Brasil na modernidade capitalista. E o professor também é um estudioso da América Latina e do processo de globalização, tema de seu último livro, Enigmas da modernidade-mundo, um trabalho que analisa e visa entender a sociedade contemporânea, entender as conseqüências sociais e culturais da globalização e os processos que estão transformando o mundo e nos transformando também. Esse livro valeu ao professor Ianni, recentemente, um prêmio da Academia Brasileira de Letras. E ele recebeu também o troféu Juca Pato de intelectual do ano, dado pela União Brasileira de Escritores. Para entrevistar o cientista social Octavio Ianni, nós convidamos o sociólogo Chico de Oliveira, professor titular aposentado e coordenador do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania da Universidade São Paulo, a USP; Silvia Colombo, editora adjunta da seção Ilustrada, do jornal Folha de S. Paulo; Cláudia Barcellos, do jornal Valor Econômico; Reinaldo Azevedo, diretor