Entre Leach e Turner

“ (...) a comparação é uma questão de colecionamento de borboletas – de classificação de arranjo das coisas de acordo com seus tipos e subtipos. Os seguidores de Radcliffe-Brown são colecionadores antropológicos de borboletas, e a abordagem que fazem de seus dados tem certas consequências.” (LEACH, 2001, p. 16). A principal dificuldade vista pelos estudos antropológicos sempre foi a busca pela neutralidade científica. O etnocentrismo é tão interligado a origem dos estudos antropológicos que a distancia em percebê-lo ainda existe dentro do ambiente acadêmico e o que proponho nesse trabalho é expor a visão dinâmica de Leach nas etnografias e sua crítica aos antropólogos já estabelecidos até então. Leach propôs uma nova visão ao estudo social, distanciando dos funcionalistas seu principal argumento era enfatizar as lutas e mudanças sociais dentro de uma sociedade que não necessariamente altera suas estruturas, mas a compõe e a sustenta. Para ele em toda sociedade humana existe conflitos e o antropólogo deve se atentar a eles para entender o todo. Para o sociólogo Becker, por exemplo, o comportamento desviante (ou patologia, para Durkheim) é o que evidencia o comportamento ideal, e seguindo na linha de Leach o desvio deve ser importante para entender os ideais norteadores das sociedades pesquisadas, como moral, ética, política, etc. É nesse ponto que critica os conceitos de mito e rito de Malinowski. Para o autor “o rito é uma dramatização do mito, o mito é a sanção ou a justificativa do rito” (LEACH, 1996, p. 76) e segundo ele o mito é um tipo ideal de comportamento de acordo com a conjuntura moral da sociedade estudada e o rito é a confirmação e o reconhecimento de que aquele comportamento ideal deve ser atingido. E como a base de seus estudos relata a dinâmica das sociedades acredita que os mitos e ritos sejam para controlar - e de certa forma coercitivamente - as condutas dos integrantes diante dos conflitos inerentes ao ser humano. Não podem ser