Teoria Antropológica
O pragmatismo em Leach se apresenta pela própria ideia que ele tem das ações humanas. Para Leach, os indivíduos estão em busca de poder, ou seja, eles “(...) procuram reconhecimento como pessoas sociais que têm poder, eles procurarão ter acesso ao cargo ou apreço de seus companheiros que pode levá-los ao cargo” (Leach, p. 73). Releva-se que este prestígio é próprio de cada cultura, não havendo um conteúdo pré-definido sobre o que é ou não prestigioso1.
Deste modo, essa concepção sobre a ação tem reflexo sobre o foco dado aos conceitos da teoria antropológica. Em referência a noção de estrutura social, Leach apresenta os cargos que não são considerados prestigiosos, questionando o porquê de determinados indivíduos ocuparem tais cargos, como os de jaiwa (contador de sagas), dumsa (sacerdote), hkinjawng (açougueiro ritual). Este conclui que esses cargos são ocupados porque os indivíduos conseguem, a partir da estrutura social, exercer poder: “Suponho que os kachins tiram satisfação pessoal do fato de serem capazes de influenciar outras pessoais com sua busca por prestígio” (idem, p. 242). Deste modo, Leach utiliza-se do conceito de estrutura social não apenas como uma forma de identificar as posições sociais possíveis que os indivíduos podem ter em uma determinada sociedade, mas também como meio destes atores conseguirem exercer poder.
Desdobram-se nisto as compreensões que Leach possui sobre a mudança da estrutura social. Já que a ação dos kachins é em certa medida guiada para alcançar este prestígio, é necessário que a estrutura social seja utilizada para esse fim. Entretanto, os modelos de estrutura social acabam por impedir que determinadas pessoas consigam ocupar cargos prestigiosos, como no sistema “gumsa”, em que a chefia política é adquirida hereditariamente por um princípio de ultimogenitura. Desta maneira, os indivíduos buscam modificar o sistema político como modo de conseguir mais prestígio.
O pragmatismo em Leach também faz com que o