Ensino de língua
Geraldi (2006) afirma que o uso que se faz da língua nas aulas de Português é artificial e que esta artificialidade está presente nas três unidades de ensino da
Língua Portuguesa. Para o autor, a prática de leitura que se faz na aula de Língua
Materna é artificial porque os alunos não leem os textos, fazem apenas exercícios
De interpretação. Diante disso, o autor afirma que o caráter dialógico da linguagem
Apregoado por Bakhtin não é considerado nas aulas de leitura e, portanto, é preciso saber quem é que está lendo o texto para os alunos? A professora? O livro didático?
No que se refere à produção de texto também há artificialidade porque o único
Interlocutor do texto do aluno é o professor, que geralmente não lê o texto: Apenas o corrige. Também nesse caso o caráter dialógico da linguagem não é levado em
Consideração porque o aluno-produtor não considera os possíveis leitores virtuais de seu texto e por isso não se esforça para criar estratégias discursivas para mover o texto em sua direção. Nesse processo artificial, o aluno tende a escrever nas redações exatamente o que a escola e seu representante oficial, ou seja, o professor quer ouvir. A análise linguística também acontece de forma artificial porque o aluno não analisa a língua, mas apenas reproduz análises já existentes. E o problema maior é que os alunos provavelmente não utilizam esses raciocínios gramaticais reproduzidos para ler e produzir seus próprios textos. Portanto, não há forma de fazer com que o aluno, que já tem o domínio da língua em suas instâncias privadas de uso da linguagem, adquira o domínio da língua, em instâncias públicas de uso da linguagem, enquanto continuarmos utilizando a língua em sala de aula como algo artificial, correta em si mesma e independente de seus falantes e da sociedade. E, para minimizar essa situação, Geraldi propõe que o ensino de língua materna deve se direcionar em três grandes eixos: leitura de