Ensaio Sobre A Cegueira
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Thaís Jordaim Gonçalves
SUJEITO, TEMPO E ESPAÇOS FICCIONAIS NO FILME “ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA”.
Trabalho de Comunicação e Literatura
Belo Horizonte
2013
O conceito de sujeito, tempo e espaço ficcionais são abordados de diferentes formas no filme “Ensaio sobre a cegueira”. Saramago desconstrói as referências típicas dos lugares, que são essenciais ao homem para a formação de sua identidade.
Um fator que contribui para a perda da identidade é o manicômio, ambiente sujo, sem conforto e desorganizado em que os personagens passam a viver depois da cegueira, que faz com que o espaço seja reduzido tanto mentalmente, vez que, ao ficarem cegos, a dimensão da capacidade de agir diminui diante das dificuldades provenientes da cegueira, o que torna o espaço mental mais restrito, quanto fisicamente, pois são forçados a compartilhar o mesmo ambiente e a mesma comida.
Essas alterações espaciais acarretam em mudanças na identidade do sujeito, pois a medida que o manicômio passa a abrigar mais pessoas, a relação entre elas fica mais difícil e, uma vez que são desconhecidas, nesse ambiente o nome não serve como referência. Dessa forma elas passam a se identificar por meio de suas profissões, da voz e através da criação de alas, que separam os cegos por grupos. Cria-se com isso o espaço social, onde ocorrem relações pessoais mais fortes, um exemplo é a prostituta e o garoto – ela se torna “mãe” do menino no manicômio. Surge então a identidade partilhada, em que todos são obrigados a conviver com as diferenças uns dos outros, e os que possuem maiores afinidades formam seus grupos e moldam suas identidades particulares naquele meio.
Saramago usa o espaço também como forma de descontextualização, pois ao mudar o cenário do espaço geográfico ele gera um conflito no espectador, que acaba tendo dificuldade em saber ao certo onde se passa o filme. A cidade, em um primeiro momento, estava em ordem,