Ensaio sobre a Cegueira
“Ensaio sobre a Cegueira”
por
Renan Arouca Mattos – 111.345.731
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Faculdade de Letras
Setor de Literatura Portuguesa
Professora: Gumercinda Nascimento Gonda
Rio de Janeiro
1º Semestre de 2014
O romance Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, é uma trama desenvolvida ao redor de uma cegueira que não é negra, e sim branca, e que assola pouco a pouco toda uma população. Esse ensaio-romance nos faz enxergar e, muito mais do que isso, nos faz temer a própria humanidade frente a uma situação de caos. A partir de uma súbita e inexplicável epidemia de cegueira, Saramago nos guia para a desorganização e a superação dos valores mais básicos da sociedade, transformando seus personagens em animais egoístas numa luta para sobreviver.
A história já começa dura e assustadora. No segundo parágrafo um homem espera o sinal abrir para prosseguir seu caminho, mas quando isso aconteceu ele não saiu e logo o trânsito parou. Foi quando alguns condutores saíram para falar com o homem e ele estava dentro do carro desesperado gritando “Estou cego.”.
A meu ver, enquanto habitantes do mundo contemporâneo, podemos dizer que tal população da trama já estava cega muito tempo antes da cegueira branca se alastrar pelo país. Seriam, entretanto duas cegueiras distintas: a primeira, metafórica, antiga e inerente ao ser humano, é a cegueira em relação à sua condição e verdadeira essência vil e primitiva latente sob os véus da modernidade e do desenvolvimento, podendo ser a metáfora da própria alienação; já a segunda é apenas a cegueira fisiológica que já foi mencionada. Saramago, ironicamente, tira a visão fisiológica dos habitantes de seu país fictício na busca de, nos dar ferramentas que possibilitem uma tomada de consciência em relação à nossa cegueira metafórica na vida real. É aqui que entra em cena aquilo que se convencionou