ensaio poético
LETRAS PORTUGUÊS E LITERATURAS.
TUANY ASSUNÇÃO
ENSAIO POÉTICO
FLORIANÓPOLIS
2012
já me matei faz muito tempo me matei quando o tempo era escasso e o que havia entre o tempo e o espaço era o de sempre nunca mesmo o sempre passo
morrer faz bem à vista e ao baço melhora o ritmo do pulso e clareia a alma
morrer de vez em quando é a única coisa que me acalma
Paulo Leminsk
“A morte é a curva da estrada, morrer é só não ser visto.” – Fernando Pessoa.
“Pensamento gentil de par eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o nada.” – Junqueira Freire, Morte
Para além das capacidades cognitivas humanas, a Morte, esse termo um tanto paradoxal para o senso comum e suas crenças, sempre foi recorrente a civilizações e suas eras. Aprendemos antes de amar, a respeitar, a temer e até mesmo a querê-la em determinadas questões da existência humana. O fim ou o recomeço, a continuidade ou o rompimento; de uma palavra às significações, que esteve presente em quase toda a criação literária do ocidente, desde o período Clássico às correntes Modernas. Não será evidenciada nesse texto, a trajetória literária e significante do termo, mas uma breve analise de uma das possíveis interpretações da temática a partir de um poema de Paulo Leminsk.
O poema não é metricamente tradicional, mas versos livres, não havendo uma preocupação na contagem das sílabas poéticas, assim como nas estrofes não ocorre uma definição; típica manifestação estrutural da estilística poética do Modernismo. Composto em primeira pessoa, o eu lírico na primeira estrofe confessa que já se matou há tempo; “quando o tempo era escasso”, percebe-se a relação entre o tempo (Cronos) que consome tudo e na qual a escassez se relaciona à rapidez das relações contemporâneas. “e o que havia entre o tempo e o espaço/ era o de sempre/ nunca mesmo o sempre passo”; há uma comparação semântica entre tempo e