Enquanto eu achava que vivia
E quando falo de estímulos, falo de estímulos nervosos mesmo. Sensações, topadas na mesinha da sala, comichões, enjôos. Tudo o que fizesse meu corpo dizer "Hei, você está viva".
Eu inventava amores. Ah, e como eu era boa nisso.
Inventava amores e dores como fazem os adolescentes impressionados com as histórias de heróis. Romeu. Julieta. Tanto faz. e ficávamos todos, todos que desde os 15 anos liam sobre a morte e o gozo sem jamais alcançá-los. mas buscando de todas as formas.
Talvez eu buscasse morrer. Talvez simplesmente viver e afirmar pra mim mesma a vida que valia a pena. Refúgio no imaginário quando a realidade não é bastante. Quando falta sentido.
Fui malhar então.
“CApoeira? Capoeira faz doer uns músculos que a gente nem sabia que tinha".
E era isso. Eu suava, corria e treinava. Começava a ver que meu corpo não precisava doer pra eu me sentir viva. Que podia me fortalecer.
E veio a desilusão. Desilusão de amor inventado. Ferida narcísica, pois quando a gente inventa uma história, um personagem, acha que pode controlar. Eu pensava que sofria de amor. E sofria por não controlar. Vejam só que armadilha.
Outro amigo me disse – e sempre ouvi muito o que os amigos me dizem – “Não fique assim, Julieta. Não tome veneno algum. Isto nem sequer é real. Para curar dor de amor, só outro amor”.
Foi aí que lembrei dos seus olhos. E de como você me olhava.
Te chamei pra boa música, praia, amigos. E na hora pensei “É um bom amigo. Quem sabe me dá bons conselhos?”
Qual o quê? dEpois que saí da água, no mar salgado da noite, pude ver que havia estrela na areia. Não era do mar. Não era do céu. Era só real.
Duas. Brilhantes. E me senti segura...
Tão segura que a rejeição me era impossível. Parti pra agressão e cometi um delito. Roubei. Mas por sobrevivência.
Roubei o beijo mais doce de montanha russa que podia haver.
Assim eu achei, até te experimentar de