Engenheiro
Gaudêncio Frigotto2
Resumo:
No presente texto examinamos, num primeiro aspecto, a diferença entre o entendimento do trabalho como categoria específica do ser social - dimensão ontológica - das formas que assume o trabalho na escravidão, no servilismo e no trabalho como mercadoria, como força de trabalho - trabalho/emprego, trabalho assalariado no capitalismo. Esta distinção é fundamental para não confundirmos a crise do trabalho assalariado com a idéia do fim do trabalho. Com base neste primeiro aspecto, buscamos analisar o significado da crise do trabalho assalariado no contexto da nova sociabilidade do capital e da ideologia do neoliberalismo ou do mercado como deus absoluto das relações sociais. Concluímos sinalizando que a crise do trabalho assalariado assume uma dupla dimensão - de perigo, risco, violência, mas também de possibilidade e alternativa. Como nunca na história humana a alternativa que se impõe é de relações sociais socialistas.
Palavras chave: trabalho e educação; emprego; mercado
Gaudêncio Frigotto
Professor da Faculdade de
Educação e do Programa de
Pós-graduação em
Educação da Universidade
Federal Fluminense -UFF
Doutor em Educação
PERSPECTIVA, Florianópolis, v.19, n.1, p.71-87, jan./jun. 2001
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Gaudêncio Frigotto
Vivemos, neste início de século e de milênio, um tempo de profundas contradições e, sobretudo, de uma inaceitável situação onde o avanço científico e tecnológico é ordenado e apropriado pelos detentores do capital em detrimento das mínimas condições de vida de mais de dois terço dos seres humanos. As reformas neoliberais, cujo escopo é de liberar o capital à sua natureza violenta e destrutiva, abortam as imensas possibilidades do avanço científico de qualificar a vida humana em todas as suas dimensões , inclusive diminuído exponencialmente o tempo de trabalho necessário à reprodução da vida biológica e social e