Elixir do paje
Nessa postura merencória e triste para trás tanto vergas o focinho, que eu cuido vais beijar, lá no traseiro, teu sórdido vizinho!
Que é feito desses tempos gloriosos em que erguias as guelras inflamadas, na barriga me dando de contínuo tremendas cabeçadas?
Qual hidra furiosa, o colo alçando, co'a sanguinosa crista açoita os mares, e sustos derramando por terras e por mares, aqui e além atira mortais botes, dando co'a cauda horríveis piparotes, assim tu, ó caralho, erguendo o teu vermelho cabeçalho, faminto e arquejante, dando em vão rabanadas pelo espaço, pedias um cabaço!
Um cabaço! Que era este o único esforço, única empresa digna de teus brios; porque surradas conas e punhetas são ilusões, são petas, só dignas de caralhos doentios.
Quem extinguiu-te assim o entusiasmo?
Quem sepultou-te nesse vil marasmo?
Acaso pra teu tormento, indefluxou-te algum esquentamento?
Ou em pívias estéreis te cansaste, ficando reduzido a inútil traste?
Porventura do tempo a dextra irada quebrou-te as forças, envergou-te o colo, e assim deixou-te pálido e pendente, olhando para o solo, bem como inútil lâmpada apagada entre duas colunas pendurada?
Caralho sem tensão é fruta chocha, sem gosto nem cherume, lingüiça com bolor, banana podre, é lampião sem lume teta que não dá leite, balão sem gás, candeia sem azeite.
Porém não é tempo ainda de esmorecer, pois que teu mal ainda pode alívio ter.
Sus, ó caralho meu, não desanimes, que ainda novos combates e vitórias e mil brilhantes glórias a ti reserva o fornicante Marte, que tudo vencer pode co'engenho e arte.
Eis um santo elixir miraculoso que vem de longes terras, transpondo montes, serras, e a mim chegou por modo misterioso.
Um pajé sem tesão, um nigromante das matas de Goiás, sentindo-se incapaz de bem cumprir a lei do matrimônio,