Elite
A elite, que o Prof. C. Kerr e seus colegas de estudo chamam de dinástica, recruta os seus membros dentre os elementos da aristocracia rural ou comercial - agricultura e comércio são as formas de produção preexistentes - e mais raramente na casta militar (os samurais no Japão), na hierarquia religiosa, ou burocrática, ou mesmo dentre chefes tribais ou feudais.
O nexo que une essa elite é o do respeito à tradição. Embora possa aceitar um ou outro membro novo, de modo geral, corresponde a um sistema fechado, fundado na família e na classe, constituindo uma casta privilegiada - a raça dos governantes.
Dentro dessa casta, devotada à ordem estabelecida e à tradição, a qual encarna o passado, o presente e o futuro, surge, ante a ameaça da industrialização, uma minoria suficientemente inteligente para não deixar escapar-lhe o contrôle da mudança inevitável. São os "realistas" que, em oposição aos "tradicionalistas", se preparam para os compromissos necessários, a fim de permitir a industrialização, desde que se processe sob sua direção. Mesmo nos casos clássicos da transformação industrial dêsse tipo - o da Alemanha e o do Japão - deve ter precedido ao início do movimento a luta entre os dois grupos da classe aristocrática, e a vitória dos "realistas" é que evita a liquidação ou o desaparecimento dessa classe. Nem por isto cessa a luta com outros grupos, dependendo a vitória final do vigor dos respectivos contendores. Não surgem, com efeito, na elite aristocrática apenas "realistas" e "tradicionalistas" mas também outro grupo - de todos o mais congênito com essa classe - e que se poderia chamar o dos "decadentes". São êstes a flor e o mimo da casta: cultivam o prazer pessoal, o ócio alto e fino, a vida dissipada, são os heróis da "doce vida", geralmente ligados a culturas estrangeiras pelo gôsto e pelos investimentos. Os "realistas" não têm de vencer apenas os "tradicionalistas" mas também êstes últimos, inimigos bem