Elementos da tragedia grega
A obra Frei Luís de Sousa não se encaixa na categoria de tragédia. No entanto, segundo o próprio Garrett, há-de sempre pertencer, pela índole, a este género. De facto, vários dos elementos essenciais da tragédia grega estão presentes nesta obra dramática.
Assim, nesta obra romântica, apesar da importância do amor, é o Destino (“Ananké”) a força suprema que vai governar as vidas das personagens.
Já o amor manifesta-se no Desafio concretizado por D. Madalena: a sua traição em pensamento a D. João de Portugal, quando estes eram ainda casados e Madalena se apaixonou por Manuel de Sousa Coutinho. A consciência de Madalena irá sempre fazê--la sofrer – “Pathos” – por causa deste seu desafio às leis morais e católicas – “Hybris”. Já o “Ágon” manifesta-se neste seu conflito emocional que não a deixará viver o seu amor em paz. Importa acrescentar que este conflito é fomentado e acentuado pelo desafio de Telmo à ordem familiar – “Hybris” -, através das suas profecias e agouros, e que irá também aumentar o sofrimento de Maria, por empatia com a sua mãe.
É o incêndio da casa da família ateado por Manuel, como forma de desafio aos governadores e ao poder instituído – “Hybris” -, que provoca a mudança para o Palácio de D. João, uma das peripécias da peça. Telmo vai trembém estar em conflito - “Ágon” pois vê agora um novo lado de Manuel e isto, aliado ao seu amor por Maria, vai prejudicar a sua fidelidade a D. João.
O aparecimento do Romeiro constitui o clímax (e também outra peripécia), pois vai destruir o precário equilibro da família, mostrando que D. João ainda está vivo. O reconhecimento deste e do Romeiro como uma só pessoa – anagnórise - pelo Frei Jorge dissipa todas as dúvidas e provoca um atroz sofrimento – “Pathos”-, pela sua família, a Manuel.
A vinda de D. João impele, por certo por obra do Destino, as personagens para um desenlace fatal, trágico – catástrofe. Efectivamente, a obra culmina na morte física de