ANALISANDO
O motivo que nos levou a enfocar o tema deste trabalho, ou seja, os aspectos que promovem a ruptura da tradição na tragédia grega Medéia, de Eurípides, foi a originalidade desse poeta, por meio da inovação das características de seu texto, marcado pelas ações da personagem feminina.
Havia escritores, no século V a.C, que compunham dramas e sátiras nas quais surgiam, direta ou indiretamente, situações típicas de suas sociedades. Entre eles, Eurípides compôs, em suas tragédias, um retrato crítico da sociedade grega.
E por ser inovador e ter mostrado a porção frágil e humana de seus protagonistas como foco, foi tido como exemplo para os escritores romanos. Vários temas de suas peças foram retomados, como a obra Medéia, na versão do romano Sêneca, a qual foi adaptada, na contemporaneidade, pelos brasileiros Chico Buarque de Hollanda e Paulo Pontes.
Gênero que surgiu no referido século, no mundo grego, a tragédia, segundo Aristóteles, nasceu do ditirambo, hino em honra de Dioniso. Giordani (1972) afirma que, paulatinamente, a tragédia buscou inspiração não apenas nas lendas dionisíacas, mas nas aventuras de deuses e heróis, constituindo-se, assim, seu repertório. Há que se levar em conta, também, a ação interior, os movimentos da alma, os sentimentos e pensamentos que conduzem aos atos materialmente vistos ou imaginados.
Para Grant (1994), a tragédia era “compacta” e “concisa”; o objetivo era expressar os mais intensos pensamentos humanos, e tinha como função analisar, geralmente num contexto mitológico, as relações entre os mortais e as divindades, além de expor e avaliar a opinião dos próprios cidadãos atenienses, que compunham a platéia. De todos os elementos qualitativos o mais importante é o mito, que arranja sistematicamente as ações, as quais Aristóteles assimila ao conceito contemporâneo de “fábula” ou “diegese”.
Para Aristóteles, o mito é o gerador da tragédia, seu elemento central; sem ele, tal gênero não poderia