Educação
DO SIMBOLISMO FUNDACIONAL À RENOVAÇÃO DAS LÓGICAS DE
INVESTIGAÇÃO
ANA ISABEL MADEIRA
UNIVERSIDADE DE LISBOA
I - A CONSAGRAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DAS CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO:
RACIONALIDADE CIENTÍFICA, PROJECTOS PEDAGÓGICOS E GOVERNAMENTALIDADE
“A product of modern European civilization, studying any problem of universal history, is bound to ask himself to what combination of circumstances the fact should be attributed that in Western civilization, and in Western civilization only, cultural phenomena have appeared which (as we like to think) lie in a line of development having universal significance and value. Only in the West does science exist at a stage of development which we recognize today as valid” (Max Weber, 1987
[1904]: 13)1.
A constituição das Ciências da Educação decorre, com uma certa unanimidade, entre os finais do século XIX e as primeiras décadas do século XX (1880-1920) num quadro histórico marcado por dinâmicas teóricas, sociais e políticas muito particulares.
Desde o início do século XIX que a emergência institucional da pedagogia como campo disciplinar se constitui na dependência de outras duas disciplinas, a filosofia e a psicologia. A fusão dos discursos moral e científico, até aos finais do século, acompanha a tentativa de construir um discurso científico baseado na transposição do paradigma empírico de investigação das ciências naturais para as ciências sociais. A
“ciência moral” pedagogia procura assim reforçar os laços com a psicologia no sentido de afirmar-se como ciência autónoma e, no mesmo compasso, fundamentar um conhecimento normativo sobre a “arte de ensinar” permitindo prolongar a doutrina em acção e intervir no domínio educativo.
O desenvolvimento do sector experimental da pedagogia que aproxima a pedagogia da fisiologia, da psicologia, da medicina (com prolongamentos nas especialidades da medicina escolar, no higienismo, na somatometria) ocorre em paralelo com o entrosamento