educação e desigualdade social
Alfabetizada ainda quando criança, foi na fase adulta que Noeme Costa da Silva, 53, experimentou pela primeira vez uma outra forma de ler o mundo. Após acidente de carro, a profissional de relações públicas da Biblioteca Braille Dorina Nowill, de Brasília, foi pouco a pouco perdendo a visão, o que lhe colocou diante do desafio de reaprender a ler. “Quando eu aprendi o braile e comecei a juntar as letras foi emocionante, foi uma alegria, pois com isso eu consegui iniciar a faculdade de filosofia. É indescritível pra quem perde a visão voltar a ler com as mãos; é como se a leitura estivesse interligada com o seu coração”.
A paixão pela leitura, no entanto, não é tarefa fácil. Noeme aponta que uma das maiores dificuldades para a pessoa com deficiência visual que gosta de ler é a espera pela tradução dos livros para a linguagem via tato. “Fazer em áudio pode ser uma opção, é mais rápido, mas tocar as palavras é mais especial”.
Os desafios do direito à leitura
O caso de Noeme se configura entre os desafios que o Brasil ainda precisa percorrer para que o direito à leitura seja realmente efetivado para todos. Para a representante do Movimento Brasil Literário, Liane Muniz, os percursos para a sua efetivação são permanentes e passam pelo esclarecimento de que ler também é um direito. “Um dos desafios é mostrar que a literatura também deve ser vista como um direito. Para isso precisamos de adultos leitores, de bibliotecas públicas, escolares e comunitárias, de políticas de leitura e de formação de leitores que tratem a leitura de literatura como um bem social”.
Volnei Canônica, coordenador do programa Prazer em Ler do Instituto C&A e especialista em literatura infantil e juvenil, aponta que, em um país de grandes proporções como o Brasil, os desafios desse direito se ampliam, uma vez que cada estado ou município promove as políticas públicas de maneira diferente.
No entanto, o especialista aponta que nos últimos dez anos, a