Educação para quê
Ivo Augusto Oliveira e Silva Ferreira⃰
O aumento do número de estudantes que concluem o ensino básico (fundamental e médio), no município de Paulo Afonso, no Estado da Bahia, pressupõe uma expansão na procura pela educação superior. Desse modo, para o atendimento de tal demanda ocorre o aumento da oferta de vagas de formação superior, através da comercialização das instituições de ensino privadas, especialmente, as de ensino à distância. Contudo, além das velhas e persistentes indagações, ainda sem soluções, sobre má qualidade do ensino básico, novas questões surgem acerca da qualidade dessa educação superior comercial.
A qualidade do ensino básico prestado em Paulo Afonso não difere a do restante do país. Ela é deficiente, repleta de problemas estruturais e direcionada para o atendimento das demandas do mercado, com a formação do estudante fragmentada e pautada apenas no sucesso profissional individual. Questões como remuneração de professores e servidores, carga horária de trabalho excessiva, superlotação de salas de aula, falta de infraestrutura (banheiros, salas, bibliotecas e outros) continuam, por anos, se arrastando sem solução. Consequentemente, o sistema educacional do município continua sua reprodução letárgica da sociedade baseada na exploração descontrolada dos recursos naturais e do próprio ser humano.
Atualmente, em Paulo Afonso, além de um campus da universidade pública do estado da Bahia e da recente inauguração de um instituto federal, a expansão do número de instituições de ensino superior privado é bastante expressiva. São várias entidades de ensino a distância, como: Unopar, Uniasselvi e Umbra, por exemplo; enquanto apenas uma faculdade privada, FASETE, com cursos presenciais. Sendo assim, a educação superior torna-se um grande negócio, com o ensino focado no atendimento das demandas do mercado, ao invés de contribuir para uma formação holística de cidadãos críticos, protagonistas das