Educaçao
Por causa da minha dificuldade de dizer não, fui parar na rua 136, no Harlem, região de Nova York povoada por cangues, traficantes de drogas e desempregados. Naquele dia, literalmente, redescobri o inferno de Dante.
Um tanto a contragosto, aceitei o convite de última hora de amigos do Instituto de Tecnologias do Aprendizado (Instituto for Learning Technologies), da Universidade de Columbia, para ver apresentação de adolescentes sobre a Divina Comédia, de Dante Alighieri.
Pesquisadores daquele instituto vinham trabalhando o poeta florentino com alunos de uma escola do Harlem chamada Frederick Douglas Academy, onde o professor é tão importante quanto o policial encarregado de evitar a violência.
A caminho da apresentação, dia 4 de junho passado, vislumbrei-me, sentado, disfarçando o mal-estar por assistir a um interminável massacre poético Dante para crianças pobres no Harlem? Seria como ver adolescentes de escolas públicas brasileiras, deterioradas, encenando Camões.
Naquele improvável cenário, onde adolescentes desfilam com rádios enormes ouvindo rap em alto volume, bonés ao avesso, falando um inglês incompreensível, lixo nas esquinas, prédios abandonados, muros grafitados, redescobri o encanto do poeta italiano. E experimentei uma das cenas mais marcantes dos 20 anos em que tenho trabalhado com transmissão de informação.
Aquele dia reafirmou minha crença na necessidade de educarmos nossas crianças para um novo mundo que já éxisteonde ás descobertas digitals definem os limites do saber e do aprender. O debate sobre o papel e a influência das novas tecnologjas percorre as saÏas dos 'professores, as redações de jornais, os departamentos de recursos humanos das empresas, chegando aos formuladores de políticas públicas, obrigados a pensar as chances de sobrevivência das nações no futuro.
Repensando o inferno
Quando sentei no pequeno auditório da escola do